Minha Vida Um conto de Fadas? - Parte II

De repente, ao acordar, me vejo de frente a um rio... sem parar pra pensar como fui parar ali, instintivamente sigo em direção a unica ponte que cruza esse rio. Ao atravessá-la, vejo ao longe um pequeno castelo, bem no estilo dos contos de fadas, com uma única porta de madeira e uma única janela, de aproximadamente uns 8 ou 9 metros de altura. E, debruçado nessa janela, vejo um jovem, com um olhar vazio, em direção ao horizontem como que esperando alguma coisa acontecer. Nas mãos desse jovem, percebo que há uma espécie de chaveiro dourado, com uma única chave também dourada. O jovem olha para a chave, suspira tristemente e olha para o horizonte, talvez esperando algo ou alguém...

Ao me aproximar um pouco mais da torre, sou surpreendido por uma enorme sombra no solo e, ao olhar pra cima, vejo uma águia, imponente e majestosa que, com um certeiro vôo rasante, prende em suas garras o chaveiro dourado que o jovem segurava tao descuidadamente, e em seguida voa para além do alcance de minha visão.

O jovem imediatamente cai em prantos, esbravejando aos quatro ventos pela águia ter levado a sua chave... a chave para sua liberdade... e então, como que num relampejo, eu desperto...

Por quanto tempo estive dormindo sobre esse carvalho? Sem nem me lembrar de como fui parar ali, rapidamente fecho meus olhos para organizar e não me esquecer da visão que acabei de ter.

Calmamente, traço em minha mente tudo o que acabou de me ser mostrado. Todos os detalhes, todos os fatos, todos os personagens. Ai surgem as dúvidas: Porque o jovem estava naquela torre? Porque ele havia se trancado? Porque ele estava segurando as chaves tão fracamente? Porque a águia levou-lhe as chaves?

Após organizar essa visão em idéias, começo lentamente a tentar responder as questões que havia extraido...

Julgando por seu olhar distante e triste, deduzo que o jovem havia se trancado naquela torre contra sua própria vontade, talvez levado por sentimentos de outras pessoas, representadas nessa visão pela águia - imponente, distante, poderosa - que ao levantar vôo e desaparecer com as chaves, leva o jovem aos prantos, o que significa que não era essa a intenção do jovem.. ele nunca havia de querer que alguem lhe tirasse a liberdade.. mas que liberdade? Julgando pelo olhar no horizonte, a liberdade de amar.. e principalmente, de ser amado. Estaria o jovem esperando por alguem para lhe libertar daquela prisão? Alguém para lhe devolver a capacidade de amar... As chaves sendo levadas talvez representem o fato do jovem ter perdido as esperanças de que esse alguém lhe fosse aparecer, justo quando eu chegava para talvez lhe salvar desse martírio...

Teria eu chegado tarde demais? Creio que não. Prefiro interpretar esse sonho como algo que teria acontecido se eu não tivesse chegado a tempo...

Após organizar essa visão, abro lentamente os olhos e me sento, escostado naquela bela árvore. E eis que pra minha surpresa encontro ao meu lado um chaveiro dourado e, nele, uma única chave dourada...